quinta-feira, 25 de fevereiro de 2016

PARANÁ - Justiça Federal revoga prisão contra investigado na 23ª fase da Lava Jato

A Justiça Federal revogou nesta quinta-feira (25) a prisão temporária decretada contra Marcelo Rodrigues, investigado pela 23ª fase da Operação Lava Jato. Ele é suspeito de representar uma offshore do Grupo Odebrecht que, de acordo com as investigações, efetuou pagamentos para o marqueteiro João Santana, que está preso em Curitiba.

Rodrigues não chegou a ser detido. Ele deveria ter sido preso na segunda-feira (22), mas não foi localizado pela Polícia Federal (PF).
Conforme a Justiça, o mandado de prisão visava garantir o sucesso dos mandados de busca e apreensão desta 23ª fase, que investiga pagamentos feitos a João Santana no exterior na ordem de US$ 7,5 milhões. A força-tarefa da Lava Jato suspeita que esse recurso tenha origem no esquema criminoso descoberto na Petrobras.
 
Como Rodrigues não foi detido, os advogados protocolaram um pedido de revogação da prisão temporária.

Segundo a defesa, como os mandados já haviam sido cumpridos, não havia razão para manter o pedido de prisão.

Apesar de atender a solicitação da defesa, o juiz Sérgio Moro, responsável pelas ações penais da Lava Jato na primeira instância, orientou Marcelo Rodrigues a se apresentar as autoridades policiais para evitar ser considerado foragido.

“Deverá, porém, contatar de imediato a autoridade policial colocando-se à disposição para prestar depoimento, inclusive atendendo chamado por telefone”, diz trecho do despacho assinado por Moro.

Conforme a decisão, o juiz considerou que os mandados de buscas foram concluídos e que o investigado aparenta ter "um papel menor nos fatos".

As suspeitas

Esta mais recente fase da Operação Lava Jato investiga pagamentos feitos no exterior que somam US$ 7,5 milhões para empresas ligadas ao marqueteiro João Santana e a mulher dele, Mônica Moura. Santana trabalhou nas campanhas da presidente Dilma Rousseff e da campanha da reeleição do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, em 2006.
Por meio da offshore Shelbill, o publicitário teria recebido US$ 3 milhões da offshore Klienfield Services, ligadas à Odebrecht, entre 2012 e 2013. Os outros US$ 4,5 milhões foram pagos, de acordo com a investigação, pelo engenheiro Zwi Skornicki, entre 2013 e 2014. Skornicki também está preso em Curitiba.
"Há o indicativo claro de que esses valores têm origem na corrupção da própria Petrobras. É bom deixar isso bem claro, para que não se tenha a ilusão de que estamos trabalhando com caixa 2, somente", disse o procurador do Ministério Público Federal (MPF) Carlos Fernando dos Santos Lima.

MPF havia reforçado pedido de prisão
Moro havia pedido ao Ministério Publico Federal (MPF) que se manifestasse sobre o pedido de revogação de prisão de Marcelo Rodrigues. Os procuradores se posicionaram pela prisão do investigado, considerando que “produção de provas ainda está em curso”.

“É certo que a prisão temporária, no caso presente, não visava apenas a assegurar a realização das buscas e apreensões, mas proteger a efetividade de outras medidas investigativas. Destina-se a medida a evitar que o investigado interfira na obtenção de outros elementos probatórios”, afirmaram os procuradores.

As investigações visam confirmar, segundo o MPF, como funcionava o esquema de operação de offshores relacionado aos crimes de corrupção e lavagem de dinheiro cometidos por executivos ligados ao Grupo Odebrecht.


Após denúncia de erro, hospital justifica retirada de rim de paciente

Família de Dirce Viana diz que hospital de Curitiba retirou o rim errado.
Nesta quinta-feira (25), senhora de 75 anos deixou a UTI em Curitiba.


Na foto, Dirce Vianna em 12 de fevereiro, dia em que foi operada (Foto: Arquivo pessoal)Na foto, Dirce Vianna em 12 de fevereiro,
dia em que foi operada
O Hospital Erasto Gaertner, em Curitiba, afirmou nesta quinta-feira (25) que a paciente Dirce Vianna, de 75 anos, tinha lesões suspeitas de câncer nos dois rins.
A filha de Dirce, Sônia Vianna Landeo, denunciou erro médico após a cirurgia que retirou o rim direito da mãe.

Segundo ela, o procedimento havia sido marcado para a retirada do rim esquerdo. O Ministério Público do Paraná (MP-PR) investiga o caso.

A cirurgia para a retirada do rim foi realizada na sexta-feira (12), deixando a família preocupada quanto à recuperação de Dirce uma vez que os sangramentos urinários persistiram.
No sábado (20), outro procedimento – uma espécie de cauterização do tumor – foi feito. Esta segunda cirurgia foi considerada bem sucedida, com a lesão sendo totalmente ressecada, de acordo com o hospital.

“Foi amplamente explicado para a paciente e seus familiares que a lesão renal direita poderia não ser cancerígena e que o sangramento que ela apresentava na urina poderia persistir, caso a causa fosse outra. A primeira cirurgia realizada no rim direito foi a cirurgia proposta em âmbito ambulatorial na presença da paciente e de seus familiares e mediante assinatura de termo de consentimento”, diz trecho da nota divulgada pelo Hospital Erasto Gaernter. (Veja a nota do hospital no fim da reportagem)

Diante deste impasse, Dirce Vianna tenta se recuperar. Nesta quinta-feira, ela deixou a Unidade de Terapia Intensiva (UTI) e foi levada para o quarto. “Minha mãe está me dando uma lição de vida neste momento. Porque a condição que temos é essa e, daqui para frente, nós vamos aprender a melhor forma de viver com isso”, afirma a filha.

Segundo o hospital, com base em exames, a equipe médica sabia que havia lesões em ambos os rins e, portanto, não houve erro de lateralidade.

Ainda conforme o hospital, o rim direito possuía uma lesão tumoral de aspecto cístico além de vários outros cistos benignos.

Quanto ao rim esquerdo, a equipe médica afirma que havia uma lesão tumoral inicial, que foi devidamente ressecada. O hospital ainda informou que foi identificada uma cistite crônica e hemorrágica na bexiga, provavelmente, decorrente de tabagismo.

A filha de Dirce, Sonia Vianna Landeo, reclama da falta de diálogo com o hospital. Diz que eles repassam informações à imprensa antes de conversar com a família. Para ela, houve sim erro.
“Os exames deles, os prontuários da cirurgia, que dizem que um rim está totalmente limpo, então, estão todos errados. Ou eles erraram na retirada do rim ou nos prontuários, nos exames que fizeram”, afirma Sônia Landeo.

Ela enfatizou que os médicos conseguiram retirar o tumor do rim que não foi retirado (esquerdo), mas que eles retiraram o órgão suspeito (direito). “Primeiro eles tiram um que tem suspeita, e o que tem certeza deixam”.

Nota do hospital Erasto Gaertner
Era de conhecimento dos médicos que tratam a Sra. Dirce Marques Vianna Costa que a paciente apresentava lesões suspeitas para câncer em ambos os rins. Este conhecimento foi adquirido através das imagens de tomografia trazidas pela paciente, que haviam sido realizadas fora do Hospital Erasto Gaertner, e, também, pelas imagens de tomografia do exame realizado dentro do Hospital após a primeira consulta, em dezembro de 2015.

Foi amplamente explicado para a paciente e seus familiares que a lesão renal direita poderia não ser cancerígena e que o sangramento que ela apresentava na urina poderia persistir, caso a causa fosse outra. A primeira cirurgia realizada no rim direito foi a cirurgia proposta em âmbito ambulatorial na presença da paciente e de seus familiares e mediante assinatura de termo de consentimento.

Um dia após a realização da primeira cirurgia, houve persistência do sangramento urinário e a paciente foi submetida a um segundo procedimento cirúrgico, chamado cistoscopia, com objetivo de diagnosticar a causa do sangramento. Não foi encontrada nenhuma lesão suspeita dentro da bexiga que justificasse o sangramento.

No dia 20/02/2016, por continuar apresentando sangramento na urina, a paciente foi submetida a procedimento a laser para tratar a lesão renal esquerda. Neste procedimento, foi identificada a presença de uma lesão suspeita para câncer no rim esquerdo que foi TOTALMENTE ressecada sendo a cirurgia considerada um sucesso pela equipe médica.

A análise dos exames do material extraído dos três procedimentos cirúrgicos demonstrou: no Rim Direito = lesão tumoral de aspecto cístico, tenso, na parte superior, com projeção na superfície do rim direito e vários outros cistos benignos no interior do rim;  no sistema coletor deste rim foi observada área de hiperplasia (lesão pré-neoplásica) no epitélio da pelve renal do rim direito, com foco de sangramento recente e múltiplos microcálculos em túbulos terminais. Tais achados demonstram lesões crônicas que justificam o sangramento e a primeira intervenção cirúrgica.

No sistema excretor do rim esquerdo = lesão tumoral de Carcinoma Urotelial precoce, sem sinais de invasão de parede do canal, típica de lesão inicial, devidamente ressecada e com margens livres. Na Bexiga = identificado processo inflamatório   que mostra que todo o epitélio do aparelho urinário encontrava-se inflamado, caracterizando quadro de Cistite Crônica e Hemorrágica, provavelmente decorrente do tabagismo crônico da paciente.

Conclui-se que o tratamento oncológico realizado foi eficaz com a lesão cancerígena totalmente ressecada e que houve resolução completa do sangramento. E reafirma-se que não houve erro de lateralidade no primeiro procedimento como divulgado na mídia.

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