sexta-feira, 19 de fevereiro de 2016

ECONOMIA - Desemprego fica em 9% no trimestre até novembro, diz IBGE

O desemprego ficou em 9% no trimestre encerrado em novembro de 2015, segundo dados divulgados nesta sexta-feira (19) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). A taxa é a maior para o período desde 2012, início da série histórica.
Pessoas preenchendo fichas de emprego em São Paulo (Foto: REUTERS/Paulo Whitaker)Pessoas preenchendo fichas de emprego em São Paulo
No trimestre anterior, de junho a agosto, o índice havia ficado em 8,7% e no trimestre de setembro a novembro de 2014, em 6,5%.
“A expectativa é que fosse menor [a taxa de desemprego para o período], porque já estaria cedendo nesse período. Em novembro, já estaria em contratação para trabalho temporário [de fim de ano]”, analisou Cimar Azeredo, coordenador de trabalho e rendimento do IBGE.
Ao chegar a 9,1 milhões, a população desocupada cresceu 3,7% em relação ao trimestre de junho a agosto e subiu 41,5% frente ao mesmo trimestre do ano anterior. De acordo com Azeredo, esse é o maior numero de pessoas desocupadas da série.
Já a população ocupada somou 92,2 milhões de pessoas e não mostrou variação em relação ao trimestre encerrado em agosto. Mas em relação a igual período de 2014, foi registrada uma queda de 0,6%.
DESEMPREGO (PNAD)
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Fonte: IBGE
O número de empregados com carteira assinada ficou estável sobre o trimestre anterior, porém caiu 3,1% quando comparado ao mesmo período de 2014.
O coordenador explicou que houve um aumento de 323 mil pessoas no país a procura de trabalho no período, em comparação com o trimestre terminado em agosto. “Essa pressão foi maior [no período] e isso tem a ver com o rendimento familiar e a perda da estabilidade carteira.”
A quantidade de empregadores não variou de um trimestre para o outro. No entanto, cresceu o número de trabalhadores por conta própria. Em relação ao trimestre de junho a agosto, a alta foi de 2,1% e frente ao mesmo período de 2014, de 4,5%.
Entre os empregados, a indústria cortou 2,9% das vagas, a agricultura, 2,5% e o segmento de informação, comunicação e atividades financeiras, imobiliárias, profissionais e administrativas, 6,7%.
Por outro lado, a construção cresceu 6,1%, os serviços domésticos, 4,7%, transporte, armazenagem e correio, 3% e na administração pública, defesa, seguridade social, educação, saúde humana e serviços sociaisde, 2,3%.
“O rendimento do trabalhador doméstico caiu. E é um grupamento que na série inteira foi a forma de inserção que mais aumentou. Dado esse processo que a gente está vivendo no mercado hoje, de falta de oportunidade de se ingressar, as pessoas estão trabalhando como  domésticos. E como aquele domicílio está com pouca renda, ele negocia pagando menos. Isso provoca esse aumento do emprego doméstico.”
Na comparação com o trimestre de setembro a novembro de 2014, tiveram aumento os grupos de serviços domésticos (5,2%); alojamento e alimentação (4,9%); transporte, armazenagem e correio (4,6%); e administração pública, defesa, seguridade social, educação, saúde humana e serviços sociais (2,2%).
Na contramão, foi registrada queda nos grupamentos de Informação, comunicação e atividades financeiras, imobiliárias profissionais e administrativas (-6,3%) e indústria geral (-6,1%).
O rendimento médio real habitualmente ficou estável em ambas as comparações e chegou a R$ 1.899. No setor privado sem carteira de trabalho assinada, os "salários" subiram 6% diante do trimestre de junho a agosto de 2015.
Na comparação com o trimestre de setembro a novembro de 2014, os trabalhadores domésticos tiveram queda de 2,4% no rendimento e os por conta própria, de 5,5%.
Cálculo do indicador
De acordo com o IBGE, os indicadores da Pnad Contínua são calculados para trimestres móveis, fazendo uso das informações dos últimos três meses consecutivos da pesquisa. "A taxa do trimestre móvel terminado em novembro de 2015 foi calculada a partir das informações coletadas em setembro/2015, outubro/2015 e novembro/2015."


Governo deve anunciar nesta sexta cortes no orçamento de 2016

Após o novo rebaixamento da nota brasileira de crédito pela agência Standard & Poors, a equipe econômica deve antecipar para esta sexta-feira (19) o anúncio do corte no orçamento de 2016, que, segundo interlocutores do governo federal, pode ficar próximo a R$ 25 bilhões - o menor dos últimos anos.
Na semana passada, o governo anunciou que o valor do bloqueio no orçamento sairia somente no mês de março e chegou a divulgar uma programação orçamentária provisória para os três primeiros meses deste ano. O valor do corte de 2016 deverá ficar bem abaixo do registrado no ano passado - quando somou, inicialmente, R$ 69,9 bilhões. Depois, em julho do ano passado, outros R$ 8,74 bilhões foram contingenciados.
O Congresso Nacional aprovou o texto do Orçamento de 2016 estabelecendo uma meta de superávit primário (economia que o governo tem que fazer para pagar os juros da dívida) de 0,5% do PIB, o equivalente a R$ 30,5 bilhões para todo o setor público (governo, estados, municípios e estatais). A parte somente do governo é de R$ 24 bilhões, ou 0,4% do PIB, enquanto R$ 6,5 bilhões são a meta de estados e municípios (0,1% do PIB).
O mercado financeiro não acredita que a meta será cumprida e prevê novo rombo nas contas públicas neste ano. Segundo pesquisa realizada pelo BC com mais de 100 instituições financeiras, as contas públicas (governo, estados, municípios e empresas estatais) deverão registrar um déficit primário (despesas maiores do que receitas, sem contar os juros da dívida pública) de 1% do PIB em 2016, ou seja, de cerca de R$ 60 bilhões. Se confirmado, será o terceiro ano que as contas públicas fecharão no vermelho.
Dificuldades com o orçamento
Para economistas consultados pelo G1, as dificuldades do governo em atingir não somente a meta fiscal (superávit de R$ 30,5 bilhões) deste ano, mas em trazer as contas novamente para o azul, residem no fraco ritmo de atividade econômica e, também, nas limitações que o Executivo tem para fazer cortes de despesas.
As contas do setor público consolidado, que englobam o governo federal, os estados, municípios e as empresas estatais, registraram no ano passado o maior rombo da série histórica, que tem início em 2001. Foi o segundo ano seguido com as contas no vermelho.
Em 2015, as contas públicas apresentaram um déficit primário (gastos maiores que as receitas, sem a inclusão dos juros da dívida) de R$ 111,24 bilhões, ou 1,88% do Produto Interno Bruto (PIB). Até então, o pior resultado para um ano fechado havia sido registrado em 2014 (-R$ 32,53 bilhões, ou 0,57% do PIB).
Do orçamento total, menos de 10% pode ser objeto da tesoura do governo, pois a maior parte dos gastos já está carimbada (Saúde, Educação, Previdência e folha de pagamentos por exemplo, entre outros). Para poder fazer um corte maior no orçamento, o governo teria de atuar nas chamadas "despesas obrigatórias" mas, para isso, teria de enviar alterações de leis ao Congresso Nacional e aprová-las para que tivessem efeito.
Reforma fiscal
Também poderão ser divulgados nesta sexta-feira mais detalhes sobre a proposta de reforma fiscal do governo que, na prática, representa uma nova tentativa da equipe econômica em reduzir a meta fiscal deste ano - diante das dificuldades em atingir o objetivo fixado pelo Congresso Nacional.
Em agosto do ano passado, o governo tentou enviar um projeto de orçamento de 2016 ao Congresso Nacional com déficit, mas diante da reação negativa de parlamentares e agências de rating, recuou. Depois, tentou abater da meta fiscal, na aprovação do orçamento deste ano, gastos do PAC da ordem de R$ 30,5 bilhões, o que permitiria entregar um resultado fiscal zero (sem déficit nem superávit), mas também não conseguiu.
 
O projeto de reforma fiscal, se aprovado pelo Legislativo, também poderia baixar a meta fiscal dos próximos anos caso as estimativas de receitas sejam frustradas. A expectativa é que a proposta seja enviada ao Congresso Nacional nos próximos meses.
O ministro da Fazenda, Nelson Barbosa, explicou, nas últimas semanas, que o projeto deve limitar os gastos públicos. Porém, ele também citou possibilidade de descontar da meta fiscal eventuais frustrações de receitas por conta do baixo nível de atividade. Na prática, a meta fiscal poderia ser menor no futuro se a economia não crescesse e se a arrecadação não evoluísse conforme o previsto.
Mais dívida e inflação
Caso o governo não consiga entregar o superávit primário de 0,5% do PIB para o setor público neste ano e as contas fechem novamente no vermelho, como prevê o mercado financeiro, a consequência seria mais pressão sobre a inflação e mais endividamento público.
Em dezembro de 2015, a dívida bruta do setor público, uma das principais formas de comparação internacional (que não considera os ativos dos países, como as reservas cambiais), estava em 66,2% do PIB (R$ 3,92 trilhões). O BC já admite que, considerando as previsões de mercado para PIB, câmbio, juros básicos da economia e inflação no próximo ano, além de um déficit primário de 1% do PIB (estimado pelos analistas para 2016), a dívida bruta somaria 71,5% do PIB no fim deste ano - um patamar elevado para padrões internacionais.
Segundo a consultoria Tendências, os "enormes desequilíbrios fiscais de curto prazo" (déficits no orçamento) têm impacto relevante no longo prazo, uma vez que elevam rapidamente o patamar da dívida pública. "Em se confirmando nossas projeções econômicas e fiscais de curto e médio prazo, teremos uma trajetória bastante perversa da dívida bruta, que deve crescer de modo consistente até 2018 e atingir 78,7% do PIB", acrescentou, em relatório.
Além de ter dívida em patamar elevado na comparação com outros países, o Brasil também tem as maiores taxas de juros reais do mundo (descontando a inflação prevista para os próximos 12 meses), ao contrário de nações mais desenvolvidas, o que gera expectativas negativas para o seu endividamento no futuro. Com esses indicadores, as empresas do país tendem a pagar juros mais altos para renovar empréstimos no exterior. Observando os indicadores fiscais, duas das três principais agências de classificação de risco (Standard & Poors e Fitch) já retiraram o "grau de investimento" do Brasil - um selo de bom pagador.

Inflação deverá cair dois pontos percentuais no semestre, diz Tombini

  A inflação acumulada em 12 meses deverá cair dois pontos percentuais durante o primeiro semestre deste ano, segundo afirmou o presidente do Banco Central Alexandre Tombini, em entrevista à GloboNews. Em janeiro, o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) estava em 10,71%. 
Sobre a manutenção da taxa básica de juros (Selic) após a última reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), em janeiro, Tombini disse que foi uma resposta à maior incerteza econômica global em 2016, diante da queda dos preços do petróleo e da desaceleração chinesa.
"Havia um hiato maior do que se esperava no final do ano passado. Também agregando as questões internacionais... e esse ambiente internacional que mudou muito no início do ano ano, nas primeiras semanas", afirmou.
O Copom surpreendeu em 20 de janeiro ao decidir manter a taxa Selic em 14,25% ao ano, apesar da inflação no ano passado ter ultrapassado o teto da meta do governo, de 6,5%.
O presidente do Banco Central disse ainda que o Brasil não é o único país a responder à maior volatilidade econômica neste ano. Bancos centrais no Japão e na Europa também adotaram uma abordagem mais cautelosa na política monetária.
 

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