terça-feira, 8 de dezembro de 2015

RIO DE JANEIRO - Operação da polícia deixa mais de 400 alunos sem aulas no Rio

Mais de 400 alunos da rede municipal não tiveram aula na manhã desta terça-feira (8) devido a operação realizada pela polícia nas favelas do Jacarezinho e Manguinhos, na Zona Norte do Rio. De acordo com a Secretaria Municipal de Educação, duas escolas e duas creches da região ficaram sem atendimento.
O policiamento nas comunidades foi reforçado na manhã desta terça, quando agentes do Batalhão do Choque faziam uma varredura na área para encontrar os criminosos responsáveis pela morte de dois policiais militares da UPP do Jacarezinho mortos a tiros na tarde de domingo (6).
Luanzinho em cartaz no Portal dos Procurados (Foto: Reprodução da internet)Luanzinho em cartaz no Portal dos Procurados
Morte ordenada
O secretário de Segurança do Rio de Janeiro, José Mariano Beltrame, afirmou na segunda (7) que a morte de dois policiais militares da UPP do Jacarezinho foi ordenada por dois criminosos. Um deles seria conhecido como Lambari e cumpre pena alternativa fora do Estado do Rio.
O segundo seria um detento de Bangu 3, no Complexo Penitenciário de Gericinó, Zona Oeste do Rio. Um terceiro criminoso, que teria comandado a ação que assassinou os dois policiais no domingo (6), foi identificado como Luanzinho, que teria saído da prisão e voltado para a comunidade.
"Confirmo esses dados e teriam outras coisas agregadas aí. Também tem ordens de dentro de Bangu 3 para que isso aconteça. Episódios dessa natureza não acontecem na cidade sem que alguém de um presídio ou mesmo que tenha uma liderança fora da favela autorize ou comande essas ações. E é isso está acontecendo", disse Beltrame.

PMs do Jacaré farão curso
O secretário de Segurança disse também que grande parte do efetivo da UPP atacada foi afastada do serviço. Os PMs irão passar por um treinamento na segunda-feira (14) antes de voltar a trabalhar. A decisão foi tomada em conjunto com o Comando geral da Polícia Militar e a Coordenadoria de Polícia Pacificadora.
"A gente afastou grande parte do efetivo policial e quem assume são as forças especiais para que elas façam um patrulhamento da área e alguns policiais da UPP vão fazer a guarda das bases. Esses policiais entram em curso no COE na segunda-feira, não estava programado ser a turma do Jacaré, mas o comandante antecipou", contou o secretário.


Anistia Internacional protesta contra mortes causadas pela polícia do RJMembros da Anistia Internacional protestam no Palácio Guanabara (Foto: Mariana Cardoso/G1)

Cerca de 30 membros da Anistia Internacional realizaram um protesto pacífico em frente ao Palácio Guanabara, em Laranjeiras, na Zona Sul do Rio, na manhã desta terça-feira (8) contra o alto número de mortes causadas pela polícia no Estado — classificadas pela entidade como execuções.
De acordo com a Anistia, após a manifestação, um documento com 61.600 assinaturas será entregue na recepção do Palácio, onde o governador Luiz Fernando Pezão estava reunido com outras autoridades para o lançamento de uma campanha contra a dengue. Uma cópia das assinaturas também será entregue na sede do Ministério Público do RJ.
Ainda segundos a organização, está sendo cobrado do governo um posicionamento em relação às recomendações do relatório produzido pela Anistia "Você matou o meu filho: Homicídios cometidos pela Polícia Militar na cidade do Rio de Janeiro", o qual aborda pontos gerais para a redução da violência letal da polícia.  Segundo o relatório, cerca de 80% dos casos envolvendo morte e polícia ainda não foram elucidados. De acordo com o diretor executivo da Anistia Internacional, Atila Roque, a atual situação de guerra no Rio precisa mudar imediatamente e essa mudança deve ser liderada pelo governo.
"Nós temos isso como um estado de emergência. Não é admissível que um estado como o Rio de Janeiro mate mais de 8 mil pessoa em decorrência de operações polícias em um período de 10 anos. É tão absurdo, que totaliza 16% do total de homicídios praticados na região. Mas quem morre não é somente o jovem, pobre e negro, o número de policiais mortos nessas ações também tem aumentado. O estado e a nossa sociedade estão criando uma espécie de aniquilação da vida em decorrência dessas praticas. É como se tivéssemos vidas descartáveis - a vida do jovem, do negro, do pobre e até do PM. Queremos pedir que o governador assuma a liderança na mudança da lógica dessa guerra, levando garantia da vida e segurança", disse Atila.
Execuções em Costa Barros
Integrantes da Associação dos Moradores de Costa Barros, onde recentemente cinco jovens foram mortos por policiais militares, participaram do ato. De acordo com eles, nenhuma das famílias das vítimas foram amparadas pelo o governo.
"Queremos mostrar à sociedade que há cidadãos bons dentro da comunidade. Não há somente traficantes. Queremos que que as autoridades se preocupem com a gente", contou Edson de Castro.
Além do suporte emocional, o grupo que veio de Costa Barros está movendo ações para ajudar as quatro famílias que perderam seus filhos. "Estamos arrecadando alimentos, móveis e vamos ajudar de todas as formas possíveis essas famílias, que se quer foram procuradas pelas autoridades", acrescentou ele.

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