O governo de São Paulo culpa os manifestantes, mas alguns dos estudantes que ocupavam o espaço afirmaram que foram obrigados a deixar o local por um grupo de jovens, que teria sido o responsável pela depredação.
Segundo a Secretaria Estadual da Educação, foram vandalizadas as salas de aula, a sala da coordenação e a cozinha. Portões da unidade e forros das salas também foram danificados. Os livros didáticos de uma das salas foram encontrados espalhados e jogados no chão.
A secretaria disse repudiar os atos de vandalismo. "A pasta lamenta que o direito à manifestação de alguns estudantes contrários ao processo de reorganização das escolas termine com a depredação de um patrimônio público e educacional, prejudicando centenas de alunos e comprometendo o término do ano letivo, disse a secretaria, em nota.
Uma estudante afirmou ao SPTV, porém, que eles saíram da unidade após sofrer ameaças. “Entraram cerca de seis ou sete meninos aqui. Um pegou um pau e começou a ameaçar a mim e aos outros estudantes que estavam lá dentro”, afirma a estudante Vitória Silvestre.
Segundo o primeiro-tenente da Polícia Militar, Ferreira Chelles, os ocupantes da escola estavam na unidade às 12h, segundo uma zeladora. Às 13h, a PM foi avisada sobre os atos de vandalismo.
A escola é a primeira a ser esvaziada entre as 196 que estavam ocupadas, segundo a Secretaria da Educação - o sindicato dos professores, a Apeoesp, afirma que são 205.
Esse não foi o primeiro caso de vandalismo na cidade nos últimos dias. A Escola Estadual Coronel Antônio Paiva de Sampaio também foi depredada. Segundo Fernando Padula, chefe de gabinete da Secretaria da Educação, movimentos políticos - e não estudantes - foram responsáveis pela destruíção. Ninguém foi detido.
Protesto
Manifestantes voltaram a protestar neste sábado contra a reestruturação do ensino paulista. Um grupo caminhou pela Avenida Paulista e pela Rua da Consolação até a Praça da República, onde fica a Secretaria da Educação. Eles pediram o cancelamento da reorganização escolar no estado.
Os manifestantes levaram faixas e cartazes dizendo que "a luta só acaba quando a vitória for completa". O protesto começou às 15h e acabou por volta das 18h.
O protesto foi pacífico. A Polícia Militar acompanhou o trajeto. Alguns estudantes fizeram um "catracaço" no Metrô República, saltando ou passando por baixo das catracas. Houve um princípio de confusão com os seguranças do Metrô, mas o tumulto acabou rapidamente.
Suspensão
O governador Geraldo Alckmin recuou e suspendeu a reestruturação afetaria mais de 300 mil alunos nesta sexta. Na mesma data também foi divulgado pelo instituto Datafolha que o governador teve seu índice de popularidade mais baixo, com apenas 28% de aprovação.
Durante os protestos, a Polícia Militar foi criticada por agir com truculência com os estudantes que interditaram vias públicas da capital paulista.
O tucano disse que irá dialogar com pais e alunos no ano que vem a respeito da reorganização da rede de ensino estadual e que os estudantes permanecerão em suas unidades em 2016.
Ocupação continua
Os estudantes comemoraram a suspensão, mas afirmaram que vão continuar ocupando as escolas até que Alckmin revogue a lei que determina a reorganização escolar.
No anúncio da suspensão da reorganização, o governador defendeu a proposta citando dados do desempenho escolar na rede estadual.
"Somos o quarto colocado no IDEB no ciclo 1, o terceiro no ciclo 2, e o segundo no ensino médio. Avançamos muito com escolas de tempo integral, a maior rede de ensino técnico do país, somos o único estado brasileiro que investe 30% em educação; ninguém investe tanto no Brasil", afirmou.
Os dados mostraram que 28% consideram o governo dele ótimo ou bom – na pesquisa anterior, o percentual era de 38%. Segundo o Datafolha, dois fatos influenciaram essa queda: a crise hídrica e a reorganização escolar.
Promotoria
Na quinta-feira (3), o Ministério Público e a Defensoria Pública pediram a suspensão da reorganização em todo o estado. A Justiça tinha dado prazo de 72 horas para que a Fazenda Pública do Estado se manifestasse sobre as alegações do processo.
Segundo a Promotoria, a ação foi a última medida adotada após diversas tentativas de diálogo com o governo.
O pedido de liminar determinava que a reorganização fosse suspensa, que os alunos permanecessem em suas escolas e que o governo apresentasse um calendário para um amplo debate, durante o ano de 2016, sobre a proposta.
Guarulhos
Nesta sexta, a Justiça concedeu liminar que suspende a reestruturação da rede estadual de ensino em Guarulhos, na Grande São Paulo. Segundo a assessoria de imprensa do Tribunal de Justiça (TJ), em caso de descumprimento, o governo teria de pagar multa de R$ 200 milhões.
A decisão valia apenas para a cidade de Guarulhos e foi resultado de uma ação civil pública proposta pelo Ministério Público (MP). O governo paulista pode recorrer da decisão.
Protestos
Ao iniciarem os protestos dos alunos interditando importantes vias da capital, a Polícia Militar foi instruída a não permitir que as avenidas fossem ocupadas. Para isso, a corporação utilizou bombas de efeito moral e de gás lacrimogêneo, como ocorreu nesta sexta na Rua da Consolação
Segundo levantamento 33 pessoas foram detidas nos atos. Os alunos afirmam que a PM foi truculenta.
Entre os detidos, a maioria é de alunos. Os adultos são presos e os adolescentes apreendidos. Policiais disseram à equipe de reportagem que tentaram negociar a liberação das vias com os estudantes, mas, como eles se recusaram, foi preciso agir, inclusive com o “uso progressivo da força”.
Na quarta (2), o governador criticou os protestos e disse que havia motivação política por trás do movimento. "Não é razoável obstrução de via pública, é nítido que há uma ação política no movimento. Há um nítida ação política", disse.
Bombas de efeito moral e sprays de gás pimenta foram usados pelos agentes para dispersar os bloqueios das vias.
Ao menos na capital não há relatos de que balas de borracha foram usadas. Segundo a PM, algumas pessoas foram detidas por desacato, desobediência, resistência, dano ao patrimônio e corrupção de menores.
“A SSP permanecerá atuando para impedir que haja dano ao patrimônio, seja público ou privado, incitação de crime ou tumultos e badernas nas ruas, que prejudicam o acesso de milhões de paulistas ao trabalho”, afirmou a secretaria em nota.
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