O mercado financeiro estimou menos inflação para este ano e um
"encolhimento" maior do Produto Interno Bruto (PIB) em 2016, próximo de
3,5%, além de uma expansão mais fraca da economia no ano que vem.
As expectativas foram coletadas pelo Banco Central na semana passada e
divulgadas nesta segunda-feira (28) por meio do relatório de mercado,
também conhecido como Focus. Mais de cem instituições financeiras foram
ouvidas.
A estimativa do mercado para o Índice Nacional de Preços ao Consumidor
Amplo (IPCA) deste ano recuou de 6,80% para 6,72% na semana passada.
Mesmo assim, permanece acima do teto de 6,5% do sistema de metas de
inflação e bem distante do objetivo central fixado para 2016, que é de
inflação de 4,5%.
Para 2017, a previsão do mercado financeiro para a inflação permaneceu
estável em 4,93%. O índice está abaixo do teto de 6% para o IPCA, fixado
para o ano que vem, mas ainda acima da meta central de inflação, que é
de 4,5%.
O Banco Central tem informado que buscará "circunscrever" o IPCA aos
limites estabelecidos pelo Conselho Monetário Nacional (CMN) em 2016, ou
seja, trazer a taxa para até 6,5%, e também fazer convergir a inflação
para a meta central de 4,5% em 2017.
Produto Interno Bruto
Para o Produto Interno Bruto (PIB) de 2016, o mercado financeiro prevê
agora um encolhimento de 3,49%. Na pesquisa anterior, feita na semana
retrasada, a previsão era de queda de 3,40%.
O PIB é a soma de todos os bens e serviços feitos no país,
independentemente da nacionalidade de quem os produz, e serve para medir
o comportamento da economia brasileira.
Essa será a primeira vez que o país registra dois anos seguidos de
retração no nível de atividade da economia – a série histórica oficial,
do IBGE, tem início em 1948. No ano passado, o recuo foi de 3,8%, o
maior em 25 anos.
Os economistas das instituições financeiras também baixaram a previsão de alta do PIB em 2017, de 1% para 0,98%, informou o BC.
Na semana passada, o governo estimou um tombo de 3,5% para o PIB deste
ano e uma expansão de 1% para o nível de atividade econômica em 2017.
Taxa de juros
O mercado financeiro manteve, na última semana, a previsão de que a
taxa de juros recuará para 13,75% ao ano na próxima quarta-feira (30) -
quando se reúne o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central.
Atualmente, os juros estão em 14% ao ano.
Já para o fechamento de 2017, a estimativa para a taxa de juros ficou
estável em 10,75% ao ano - o que pressupõe continuidade do processo de
corte dos juros no ano que vem.
A taxa básica de juros é o principal instrumento do BC para tentar
conter pressões inflacionárias. Pelo sistema de metas de inflação
brasileiro, a instituição tem de calibrar os juros para atingir
objetivos pré-determinados.
As taxas mais altas tendem a reduzir o consumo e o crédito, o que pode
contribuir para o controle dos preços. Quando julga que a inflação está
compatível com as metas preestabelecidas, o BC pode baixar os juros.
Câmbio, balança e investimentos
Na edição desta semana do relatório Focus, a projeção do mercado
financeiro para a taxa de câmbio no fim de 2016 subiu de R$ 3,30 para R$
3,35.
Para o fechamento de 2017, a previsão dos economistas para o dólar ficou estável, em R$ 3,40.
A projeção do relatório Focus para o resultado da balança comercial
(resultado do total de exportações menos as importações) em 2016 recuou
de US$ 47,4 bilhões para US$ 47 bilhões de resultado positivo.
Para o próximo ano, os especialistas do mercado preveem que o superávit vá cair de US$ 45 bilhões para US$ 44 bilhões.
A projeção do relatório para a entrada de investimentos estrangeiros
diretos no Brasil em 2016 permaneceu inalterada, em US$ 65 bilhões.
Para 2017, a estimativa dos analistas permaneceu estável, em US$ 70 bilhões.
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